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Convidando o Atleta a ocupar o seu lugar
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09 agosto, 2024

Convidando o Atleta a ocupar o seu lugar

Introdução


No universo competitivo do esporte eletrônico, onde a habilidade técnica é frequentemente a principal métrica de sucesso, o papel do psicólogo esportivo pode ser subestimado ou mal compreendido. Muitas vezes, jogadores e equipes enfrentam dificuldades em reconhecer a importância de um suporte psicológico adequado, o que pode levar a uma ocupação inadequada dos próprios papéis e responsabilidades dentro do jogo e fora dele.

Essa falta de clareza e a ausência de uma abordagem bem estruturada podem resultar em desempenho inconsistente, dificuldades emocionais e impactos negativos tanto na carreira quanto na vida pessoal dos atletas. Compreender a importância de um trabalho psicológico bem direcionado e assumir um papel ativo nesse processo é crucial para maximizar o potencial dos jogadores e alcançar uma performance sustentável e significativa.

Neste contexto, exploraremos as implicações de uma gestão psicológica inadequada e apresentaremos uma proposta de abordagem colaborativa para otimizar o suporte emocional e mental no esporte eletrônico.

1 – Dificuldade do Atleta em ocupar o seu espaço


Dentro do jogo é problemático quando um jogador tenta fazer a função de seu parceiro, o que normalmente acontece por preocupação de que essa função não será bem feita por algum motivo e dessa forma quem tenta fazer a função do outro acaba deixando de fazer a própria.

O mesmo pode acontecer com um Psicólogo trabalhando no Esporte Eletrônico. Muitos jogadores têm dificuldade de se apropriar do próprio papel em trabalhar o seu crescimento psicológico na justa medida da importância que isso afeta sua vida atlética e pessoal. 

Ocupar o próprio papel nesse sentido significa parar um tempo para refletir sobre o que está acontecendo, o que está sentindo, o que suas emoções trazem como mensagem de mudanças importantes que precisam acontecer, de que forma questões do passado estão em aberto e interferindo em sua vida hoje. Basicamente fazer seu papel significa ter interesse sobre o que está acontecendo de forma mais ampla, a fim de se posicionar com mais propriedade na vida.

O espaço que se deixa de ocupar nesse sentido é insubstituível, sendo impossível terceirizar essa parte para o Psicólogo sem maiores prejuízos. Por isso acredito na importância de verificar se o atleta está em um bom momento de trabalhar seu psicológico em conjunto com um Psicólogo e guiá-lo a assumir as rédeas de seu próprio crescimento mental e emocional.

Hoje, basicamente existem duas opções de um atleta trabalhar com um Psicólogo: A opção A onde a organização contrata um Psicólogo Esportivo e B – O atleta vai atrás de um Psicólogo por conta própria. Acredito que a opção A seja mais fácil e menos custosa para o atleta, mas que pode trazer limitações importantes a depender de sua postura, começando pelo fato de que se responsabilizar pela própria busca nesse trabalho é um elemento precioso neste processo.

Dessa forma o modelo de trabalho que faz mais sentido para mim é o C, onde dou espaço para que os atletas cheguem até mim, dando-lhes a oportunidade de já no começo do processo se posicionar de forma mais ativa e onde a organização também pode participar de forma a dar suporte para que seus atletas trilhem esse caminho.

2 – Consequências de um trabalho psicológico feito pela metade ou não feito


A consequência que mais chama a atenção dos jogadores: o desempenho que o atleta ou time pode mostrar no campeonato vai ser de igual medida onde acompanha o lado psicológico, se não mesmo muito habilidoso e bem preparado tecnicamente, sob pressão não vai conseguir manter o desempenho, principalmente a longo prazo.

Assim como o seu nível de aprendizado dentro do jogo e a constância de seu crescimento técnico vai estar em função de uma boa base psicológica, que está diretamente ligada com outras bases como relacionamentos sociais de qualidade e boa saúde física.

Além disso, uma boa base psicológica é essencial para lidar com desafios que entram na frente de uma vida mais significativa dentro e fora do jogo. Aqui listo as 10 dificuldades psicológicas mais comuns que observo entre o público do esporte eletrônico https://felipesguario.com.br/2024/08/09/10-dificuldades-comuns-entre-atletas-no-esporte-eletronico/


3 – Minha proposta de trabalho

Acredito que a solução para lidar melhor com essas questões possa vir de uma nova postura de Psicólogos, Atletas, Técnicos e Organizações frente a esse trabalho Psicológico no Esporte eletrônico, achando um equilíbrio mais inteligente entre dar e receber nessa dinâmica.

Os Psicólogos devem explicar claramente o que é o trabalho, quais são os benefícios e qual é a responsabilidade de cada parte envolvida. Inicialmente, pode ser necessário um direcionamento mais ativo por parte do Psicólogo em guiar o processo, mas é crucial promover um caminho de capacitação gradual para que sua intervenção seja cada vez menos necessária.

Por outro lado, os Atletas, Técnicos e Equipes devem reconhecer a importância do suporte psicológico para seu desempenho e qualidade de vida, assumindo um papel mais ativo no processo. Isso inclui a colaboração com Psicólogos para desenvolver um plano de trabalho que realmente faça sentido em ser trilhado.


E as organizações podem apoiar esse movimento envolvendo os jogadores de forma mais direta na tomada de decisão em ter um Psicólogo, procurar saber as diferentes metodologias e objetivos, se simpatizam com esse Psicólogo, enfim, encorajar os atletas a participarem de forma mais protagonista desde o início.

Essa abordagem mais integrada e colaborativa pode ajudar a superar as barreiras existentes e promover um ambiente mais saudável e produtivo no Esporte Eletrônico.